Diante disso, vamos lá. Talvez a confusão que está sendo criada aqui seja meramente terminológica. Talvez alguns sejam mais parcimoniosos que outros para conferir o título de "craque" a um determinado jogador. Talvez cada um entenda que o termo "craque" deva ser empregado a um nível de futebolista - uns são mais exigentes, outros menos. Os critérios são muitos... O craque precisa ser um grande driblador? Precisa ser goleador? Precisa ser "versátil" (o termo da moda)? Um zagueiro pode ser craque (ou isso é coisa da década de 1950)?
A questão é difícil. Afinal, é quase impossível haver concordância a respeito de índices comparativos. Claro que há as estatísticas. Mas elas também devem ser analisadas com parcimônia. Vejamos. Craque é o jogador que ganha títulos? Então o Vítor, ex-lateral-direito de São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, Vasco e Real Madrid (lembram dele, né?), é um dos maiores jogadores de todos os tempos. Ele conquistou quatro títulos da Libertadores (é o único brasileiro com esse handicap), um Mundial Inteclubes, dois Paulistas, duas Copas do Brasil... Craque é o jogador que faz muitos gols? Então o Túlio Maravilha é mais craque que o Ronaldinho Gaúcho!
Ilustro a idéia com um trecho retirado do Blog do Jorge Santana (http://cruzeiro.org/blog):
"Há tempos ouvi o Zico dizer: 'craque é quem desequilibra 9 em 10 partidas'. Por esses dias, Dunga repetiu o que só quem joga sabe. E o que cartolas, torcedores e jornalistas não percebem. Acossado pelas críticas por, vez ou outra, deixar Kaká e R10 no banco, o treinador da Seleção deu seu recado: 'O craque decide 8 em cada 10 jogos; quem decide 2 ou 3 é jogador acima da média, mas não é craque.'"
Acho muito improvável que um dia se chegue a uma fórmula para indicar se determinado jogador é "craque" ou não. Até porque, como já escrevi, penso que o termo "craque" é utilizado de acordo com o nível de exigência de cada um. Um jogador de "bom nível" para um é "craque" para outro.
Enfim, sobre as polêmicas levantadas, especificamente, gostaria de colocar a minha opinião. Acho que craque é o nível máximo que um futebolista pode atingir antes de virar "gênio" (Pelé e Garrincha, apenas, na minha modesta concepção). Para isso, precisa provar, ao longo de algum tempo, que é um jogador de nível alto. Não é uma temporada que outorga ao atleta a alcunha de "craque" - é enorme o número de jogadores que arrebentam em um ano e somem no outro. Há, sim, muitos futebolistas - sobretudo no Brasil - que têm muito talento e potencial. Mas talento e potencial não são suficientes. Exemplo: o Denilson, aquele que só dribla, tem um talento excepcional e tinha um potencial absurdo (o Bétis apostou milhões nisso), mas nunca chegou a ser craque.
Para mim, o Pato tem um talento formidável, que salta aos olhos. Um diamante bruto. Mas ainda precisa amadurecer um tanto até se tornar craque - discordo do Vellinho quando diz que o Robinho e o Kaká já eram craques no Santos e no São Paulo. Aliás, eu tenho mais confiança de que o Pato vai virar um tremendo craque do que tinha em relação ao Robinho e ao Kaká - o Robinho, por sinal, eu só vou afirmar que é craque se continuar jogando a bola atual e levar o Real ao título espanhol. Acho que o Pato tem tudo para ser o grande jogador brasileiro (e mundial, ao lado do Messi) dos próximos dez anos. Mas vamos com calma. Ainda não o é.
Sobre outros nomes que surgiram, dou-lhes o meu pitaco - para mim, a escala é: 1) gênio; 2) craque; 3) excelente jogador; 4) muito bom jogador; 5) bom jogador; 6) jogador mediano; 7) jogador ruim; 8) perna-de-pau; 9) o Giba, aquele nosso amigo que não sabe com qual dos dois pés chuta:
- Os ex-colorados Nilmar, Daniel Carvalho e Sóbis são muito bons jogadores. Não craques;
- O Diego (ex-Santos) eu acho um jogador muito bom. Não craque. Mas, de fato, eu também acho que ele estava "mais pronto" do que o Robinho, quando surgiu no Santos. Hoje, contudo, o Robinho amadureceu, deixou de ser apenas o magrelinho das pedaladas, e é quase craque;
- Do Vágner Love eu nunca gostei. É um jogador bom (e olhem lá);
- O Carlos Alberto é um bom jogador, mas um "fanfarrão".
- Me recuso a falar de Gustavo Nery.
PS: Notem que não envolvi o termo "ídolo". Isso é outra coisa. É reconhecimento da torcida, só. O Gattuso é ídolo da torcida italiana e, para mim, não entrava nem no nosso time de society, das quintas à noite.
5 comentários:
Para o Marcelo idolo é aquele que passou pelo Inter. E depois Genaro Gattuso é idolo para a torcida sim, mas nao pela qualidade tecnica, mas sim pela grinta e raça com que joga futebol ou chute-box.
Eu dei baixa. Mesa-redonda agora só com quem não é tão fanático. Ou, como diria um amigo nosso... Deixa pra lá.
Excelente texto! Explicou bem a questão da terminologia. Enquanto para uns existem dez craques no mundo, para outros existem mil. É apenas questão de critério. (E, convenhamos, se craque for aquele que desequilibra em 9 de cada 10 jogos, eu nunca vi nenhum. Creio que nem mesmo o Zico, autor da expressão, se encaixaria).
Só não entro nesta questão da imparcialidade. Afinal, acho difícil que alguém se considere menos imparcial que o outro.
Pois eu entro na questão da imparcialidade... É claro que a total imparcialidade é impossível, mas acho que ela pode ser, de certa forma, mensurada. Acredite, Vellinho, é bem fácil notar quem é mais parcial (mais fanático) e menos parcial (menos fanático). Hehehe... Há diferenças entre torcer (menor parcialidade) e ser fanático (absoluta parcialidade)... Tem colorado que cola no corpo qualquer absorvente sujo achando que é adesivo do Inter... Hehehe... Apelei, foi mal! Abraços a todos os colorados do mundo!
Opa, por favor, não vamos confundir fanatismo com parcialidade. Não estamos discutindo até que ponto cada um aqui torce para seu time. Mas não é porque torço pro Inter que vou achar o Maycon um ótimo volante ou o Gil um atacante sensasional. Inclusive, por torcer tanto, assisto a todos os jogos e, com certeza, sou muito mais crítico com relação aos jogadores do Inter do que aqueles que só acompanham pelos comentários gerais.
Postar um comentário